Um levantamento feito pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), entre março de 2014 e maio de 2019, mostra que o número de incidentes registrados por instituições de saúde é preocupante. Das quase cinco mil instituições com Núcleos de Segurança do Paciente existentes no país, apenas 1.695 registraram algum tipo de evento adverso junto à Anvisa nesse período. Desde o início da compilação de dados, em 2014, até maio deste ano, houve um crescimento de 232,59% nos incidentes notificados ao órgão, a maior parte deles feitos por hospitais (93,4%), UPAs (2,05%), ambulatórios (0,93%), clínicas (0,88%) e laboratórios de análises clínicas e patológicas (0,11%).
O levantamento da Anvisa também revelou que os principais eventos adversos ocorrem no setor de internação, UTIs e emergências. Os principais erros são: falhas durante a assistência, úlcera por pressão, queda do paciente, falha na identificação do paciente, falha na documentação e falha na administração da dieta, entre outras.
Dados da Joint Commission International (JCI), maior agência verificadora da qualidade em saúde do mundo – representada no Brasil pelo Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA) –, mostram que a má comunicação é responsável por mais de 60% dos eventos adversos nos hospitais de todo o mundo.
Eventos adversos podem levar a maiores complicações de saúde, maior tempo de hospitalização e maior custo para recuperação do paciente. “A saída para evitar esses erros está na implantação de uma cultura sistêmica de segurança e no comportamento individual de cada profissional da organização de saúde. Sabemos que os eventos adversos evitáveis são, normalmente, decorrentes da falta de uma cultura de segurança e do comportamento individual seguro. Podemos dizer que existem barreiras estabelecidas por processos, políticas, procedimentos, protocolos, diretrizes, normas, rotinas, fluxogramas etc. que, se desconsideradas, aumentam a probabilidade de danos aos pacientes”, alerta o médico José de Lima Valverde Filho, coordenador de acreditação do Consórcio Brasileiro de Acreditação, organização que avalia a qualidade do serviço prestado por diversas instituições de saúde brasileiras.
Para se ter uma ideia do impacto financeiro de um erro assistencial, um relatório recém divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), formada por 35 países, revelou que o custo global da má-assistência, só com erros associados à medicação, é de US$ 42 bilhões ao ano em todo o mundo.
“Precisamos lutar pela segurança do paciente: ninguém deveria sofrer danos na atenção à saúde”, ressalta Valverde Filho, citando o slogan da campanha pelo Dia Mundial da Segurança do Paciente, criado pela OMS.
Assista o vídeo do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP) e conheça mais sobre segurança do paciente!