Para Thiago Constancio, médico e CEO da Medportal, empresa de soluções digitais para educação no setor saúde, a telemedicina reúne metodologias interativas de comunicação, com vários objetivos, entre eles a assistência, educação, pesquisa e atenção à saúde. Ele afirmou que a questão tem provocado reações diversas nas organizações, principalmente porque a transformação digital gera impacto no crescimento das empresas e nos resultados financeiros. “Quem é maduro digitalmente, acaba tendo melhores resultados. Quando isso chega à saúde, traz uma avalanche de transformações. O fato é que entendemos que o mundo e as pessoas estão passando por essa mudança. A forma de se relacionar, de se lidar, de aprender mudou. Hoje todo mundo tem seu smartphone, tem sua conexão e isto está bastante claro”, afirmou.
O grande desafio, segundo ele, é como fazer tudo isso se conectar. “No Brasil, 72% dos municípios são pequenos – até 50 mil habitantes – e têm dificuldades para dar acesso à saúde para sua população e, ao mesmo tempo, os médicos não estão nesses municípios: 70% dos profissionais estão no sul e sudeste do país”, lembrou.
Para o gerente médico do Einstein, Eduardo Cordioli, os lugares mais remotos do Brasil poderão ser beneficiados se as condições de infraestrutura forem resolvidas: “Se colocar um satélite de internet, que abrange uma grande área, é possível usar tecnologia para levar saúde, que é mais fácil do que construir unidades físicas de saúde. A única forma de democratizar saúde no Brasil é usando tecnologia”.
Constancio disse ainda que a telemedicina pode beneficiar o paciente e tornar a prática médica mais acessível e oportuna em um outro formato e modelo que também gera visíveis benefícios. “Hoje, nos Estados Unidos, por exemplo, mais de 60% das organizações de saúde utilizam alguma prática de telemedicina, com uma satisfação expressiva dos pacientes (96%). Outro dado bem interessante é que 50 milhões de americanos dizem que trocariam de médico para ter acesso às consultas online. Ou seja, existe um cenário em que tanto a cultura, a adesão à tecnologia, quanto as necessidades estão nos impondo uma mudança de modelo mental, de operação e aproveitamento de novas tecnologias para dar conta desses desafios”, ressaltou.
A satisfação do paciente com os serviços de telemedicina foi confirmada pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Atuando na área desde 2012, a instituição tem cerca de 40 linhas de serviço de saúde digital que envolve a telemedicina. Na teletriagem, por exemplo, que é um pronto-atendimento virtual onde o paciente entra em contato com o hospital com um sintoma agudo de baixa complexidade e é orientado se precisa ou não ir a um pronto-socorro, qual a localidade e até marcar a consulta com a especialidade indicada, o índice de satisfação é de 85%. “Além disso, 95% dos pacientes que foram atendidos recomendariam a telemedicina para um familiar ou amigo”, ressaltou Eduardo Cordioli.
Acreditado pela Joint Commission International (JCI) desde 1999, o Einstein tem protocolos bem estabelecidos para todas as 40 linhas de serviço de telemedicina, baseados em referências internacionais. “O hospital tem uma missão que é ‘Einstein para todos’. Entendemos que a telemedicina é estratégica e vai nos ajudar a cumprir essa missão”, disse gerente médico do hospital. Ele reforçou que a aplicação da telemedicina também agrega qualidade ao serviço, por tornar o processo assertivo e com métricas de qualidade em tempo real. “A telemedicina é muito mais que uma videoconferência entre médico e paciente ou entre profissionais da saúde. Por meio dela é possível fazer exame físico e monitorar sinais vitais à distância, além de adotar tecnologias da informação para criar sistemas de suporte à decisão que torne a conduta do médico mais assertiva, melhorando a acurácia do diagnóstico e da terapia. Isso pode ser transportado para o mundo físico”, afirmou Cordioli.