As infecções hospitalares são a quarta maior causa de mortes em todo o mundo, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Pesquisa da Associação Nacional de Biossegurança (ANBio) aponta que, no Brasil, são 100 mil vítimas fatais todos os anos. O problema é tão preocupante que a OMS e a Joint Commission International (JCI), maior agência verificadora da qualidade em saúde do mundo, fazem campanhas anuais para conscientizar pessoas e profissionais de saúde a mudaram e implementarem alguns hábitos capazes de diminuir os riscos de infecções. A higienização das mãos é exemplo de uma das medidas mais simples e eficazes para prevenir as infecções hospitalares.

Segundo a OMS, a lavagem adequada das mãos, entre o atendimento de um paciente e outro, e também antes e depois da realização de um procedimento invasivo, pode reduzir em até 70% os casos de infecção. Mas, apesar disso, aproximadamente 70% dos profissionais de saúde e 50% das equipes cirúrgicas não praticam rotineiramente a correta higienização das mãos.

Embora a legislação brasileira determine que os hospitais mantenham comissões para controle das infecções e programas para gerenciar o problema, ela não é cumprida em sua totalidade pelo universo de instituições hospitalares brasileiras, cerca de 4,5 mil, conforme levantamento da Federação Brasileira dos Hospitais. Um caminho melhor para as instituições de saúde controlarem esse problema de infecções é a adoção de processos de acreditação hospitalar, que garantem o uso das melhores práticas e aumentam a segurança do paciente. É o que defende Heleno Costa Junior, superintendente do Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA), parceiro associado da Joint Commission International (JCI), no Brasil.

O superintendente do CBA falou à Rádio CBN sobre o assunto. Ouça aqui!

ATITUDE CONSEQUÊNCIA
Divulgar que há bactérias ou microrganismos em qualquer ambiente, inclusive nos locais e objetos que utilizamos, como maçanetas, torneiras, roupas e no nosso próprio corpo. Há um risco real e potencial de infecções, especialmente aquelas que são transmitidas num aperto de mão e no contato direto e próximo com alguém que nem imaginamos estar contaminado, como as que vêm por vias aéreas, como espirros. Nos hospitais esse contágio é mais perigoso porque é um ambiente onde há maior concentração de bactérias e outros microrganismos, o que aumenta riscos de infecções graves como septicemias, pneumonias e outras.
Constituir e fazer funcionar, de forma adequada e efetiva, as comissões e serviços de controle de infecções hospitalar, conforme previsto em leis e regulamentos. A atuação ineficiente na prevenção e controle de infecções nas instituições de saúde aumenta a ocorrência de problemas relacionados com a propagação e a gravidade das infecções, especialmente em pacientes mais graves. A falta de uma ação de vigilância diária, de rastreamento de pacientes infectados, de padronização de uso de antibióticos e de condutas de higienização das mãos pelos profissionais ou visitantes são exemplos da ausência ou ineficiência de uma comissão de controle de infecções.
Realizar campanhas e ações de sensibilização de forma permanente e efetiva junto aos profissionais de saúde, que são os principais agentes de disseminação de infecções, quando não atendem aos protocolos ou regras estabelecidas por uma comissão de controle de infecções ativa. Evita que haja descaso ou omissão sobre o risco real de infecções quando os profissionais prestam assistência aos pacientes. Cuidar de um paciente sem utilizar a técnica correta de higiene das mãos, sem o uso de proteção como luvas ou aventais, sem atender a protocolos de isolamento ou cuidado de pacientes infectados ou o uso inadequado de antibióticos são exemplos de práticas incorretas ou indevidas quando profissionais não estão devidamente treinados
Definir e instalar barreiras ou controle em áreas ou ambientes considerados como de risco de infecções, como CTI e centro cirúrgico, entre outros. Evita a disseminação ou propagação das infecções, que podem ocorrer quando não existem: pias ou lavabos para higiene das mãos nas áreas críticas como centros intensivos ou centros cirúrgicos; quartos de isolamento para colocar pacientes infectados em quarentena; torneiras e portas com acionamento automático ou eletrônico; climatização adequada e controles de acessos em ambientes especiais como salas de esterilização.
Seguir padrões para evitar as infecções adquiridas em instituições de saúde, que são eventos adversos graves, complicações indesejadas decorrentes do cuidado prestado aos pacientes e que não têm a ver com evolução natural da doença. Quando não há adesão de padrões de segurança podem ocorrer infecções em cirurgias de baixa complexidade; uso indiscriminado de antibióticos; infecções relacionadas com o uso de dispositivos como sondas, cateteres, ventiladores mecânicos e outros.